16 de janeiro de 2010

que cinema há nos filmes?

que post foi aquele, perguntou ele. disse-lhe que não era nada, mas estou com medo que seja. abri a porta de casa e, como sempre, saí na rua. a minha memória está em expansão, o mundo cresce e as percepções aumentam. perguntou-me, então, o que é que se passava. disse-lhe que estava tudo bem. e está. acho eu. não tenho pensado nisso. não tenho pensado nas coisas. não tenho pensado. abri a porta de casa e, como sempre, saí na rua. as imagens não são imediatamente linguagem, mas não o sendo acabam sempre por dizer muito mais do que a própria linguagem. não acreditou e disse que não tinha de lhe contar se não quisesse. o engraçado é que eu até contava, mas não sei o quê. penso em inúmeras formas de o fazer, mas nunca encontro nada para dizer. nada parece fazer sentido. não quero viver num filme mudo. abri a porta de casa e, como sempre, saí na rua. a minha vida tem um protagonista com o qual não me identifico. sugeriu que víssemos uma comédia para nos rirmos. tive de declinar, pois agora juro só me rir com piadas intelectuais do século XVIII. quiçá XIX. abri a porta de casa e, como sempre, saí na rua. vou no metro e esqueço-me de ver as outras perspectivas da viagem. as outras histórias. os outros guiões. esqueço-me de ouvir as outras bandas sonoras. penso que o metro só veio para mim e que sou o protagonista da viagem. mas afinal que cinema há nos filmes? é essa a minha dúvida. qual a literatura dos livros? as imagens das fotografias? a música de uma composição? abri a porta de casa e saí na praia. e não, não houve um corte temporal ou de plano. saí mesmo na praia. (pausa) tudo o que resta é uma visão onírica da realidade, sendo essa bem mais real do que a própria realidade.

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