27 de fevereiro de 2010
21 de fevereiro de 2010
16 de fevereiro de 2010
bad days allow me to think.
people say i'm a great listener. i thought i was. but now i find myself doing all the talking. i want the old days back.
i cried so much that my pillow became a river. not sure if it is the right thing to say. but i woke up terrified.
my psychologist said i should come over more often. the thing is i don't have a psychologist. probably i should get one.
i want my old casio back. i changed my hair. i look weirder now.
i want to give you space. all the space you want. i just don't want you to go away.
have you ever thought about how you're gonna die? i think a lot about that. the funny thing is each of us secretly believe that it's not gonna happen to us.
i'm getting older. people say i'm not. like compared to what? okay, maybe i'm not when compared to a cell phone. (pause) i'm scared.
write me a song. my own song. just a few words. okay, a letter sounds great.
one way or another we all lost people. sometimes things didn't go the way we expected
to. then came the point we accepted them. acceptance is important and underrated.
my mum doesn't call me anymore. and she's right. even though nothing is clear in my world.
... what about me?
15 de fevereiro de 2010
long nights.
apeteceu-me colocar o meu braço por cima de ti, mas não o fiz. tive medo que não percebesses. ou que percebesses demasiado bem.
12 de fevereiro de 2010
11 de fevereiro de 2010
blackbird.
una procura algo na mala. ray observa-a, apreensivo.
ray- o que é que tens aí dentro? o que é que está na tua mala? o que é que está dentro da tua mala?
una- preciso de um...
ray- dá cá isso.
una- não. porquê?
ray- o que é que estás a fazer? tu estás...
una- o quê?
ray- não.
ele tira-lhe a mala.
una- estás...
ray- tu queres-me matar?
pausa. ele vasculha a mala. tira um pacote de lenços de papel.
una- sim, ia esfregar-te com lenços de papel até à morte.
in blackbird-david harrower.
ray- o que é que tens aí dentro? o que é que está na tua mala? o que é que está dentro da tua mala?
una- preciso de um...
ray- dá cá isso.
una- não. porquê?
ray- o que é que estás a fazer? tu estás...
una- o quê?
ray- não.
ele tira-lhe a mala.
una- estás...
ray- tu queres-me matar?
pausa. ele vasculha a mala. tira um pacote de lenços de papel.
una- sim, ia esfregar-te com lenços de papel até à morte.
in blackbird-david harrower.
10 de fevereiro de 2010
tu fizeste de mim um fantasma.
estou-me a sentir apertado. tenho medo de sair de casa. vou encurtar o meu dia. ou preso. principalmente porque não tenho nenhum sítio para ir. sou eu que uso as palavras. preso é melhor. mas penso sempre que quando decidir sair vai ser quando tu irás decidir chegar. logo sou eu que decido quando é que isto começa e acaba. vou-me despir. então acabo sempre por ficar. quero que acabe agora. lentamente. só oiço os sons da rua. porque não sei se existes. muito lentamente. vejo as luzes. é uma mistura de sonho e realidade. e vou dobrar a roupa carinhosamente. faço sempre o jantar para dois. já nem sei se eu existo. vou guardá-la na mochila. tenho duas almofadas na cama. palavras. estou nu. podes querer vir. só palavras. agora que estou nu, não me sinto mais livre. há dias em quase consigo ouvir os teus passos na escada. um amontoado de palavras que não chega para fazer sentido. só agora é que me apercebi disso. o meu coração parece que vai rebentar. as palavras fizeram de ti um fantasma na minha vida. vou pegar numa fita cola. mas depois corro até à porta. eu culpo as palavras. já a tenho na minha mão. lanço-me pelo corredor. tudo começou com palavras. agora quero tapar-me. e não há nada, está tudo vazio. tudo acabará com palavras. vou colar objectos no meu corpo. e agora o fantasma sou eu. vou rasgar as palavras que dissémos e guardá-las numa caixa.
6 de fevereiro de 2010
chronique d'un été.
ann was coming home. she couldn't remember the place. her place was fifteen or twenty years ago. it no longer exists. people always said that ann would come home. sooner or later. is it the moment? deep inside ann knows she will never come back. she might stay for days or months. but she won't come back. this is not her home anymore. her sense of belonging doesn't belong here. (...) she arrived with her heart cold. it didn't change after some hugs and kisses. suddenly someone asked "still remember me?". it was you. you kept talking, but ann couldn't hear you. she looked down and you yelled "are you happy now?". ann took some time, took a deep breath and whispered "almost".
4 de fevereiro de 2010
birth ideas.
what happened to you it's not my fault. you're out of my system. i haven't fooled you. it was your choice to fall. no way i could behaved any differently. acorns fall because they want to die. it's almost the same. we live in a dead calm. the snow falls outside. it may sound a little weird, but i've met someone who seems to be you.
3 de fevereiro de 2010
o meu frigorífico.
o meu frigorífico está cansado de estar vazio. está cansado de ser roubado diariamente. está ainda mais cansado dos abusos constantes por parte de estranhos. estranhos que lhe tocam a qualquer hora, em qualquer parte do corpo, e sem pedir autorização. mas o que o magoa mesmo é ser mal tratado por aqueles a quem ele dedica a sua existência. é isso que o faz gritar em silêncio. que o faz contorcer-se para não explodir. é isso que o viola. é isso que o atenta. que o choca. quando tudo não passa de momentos vãos. quando nem chegam a dizer o nome. quando abusam da sua receptividade. quando nem obrigado dizem ao sair. e ele é um bom frigorífico. nem reclama daqueles que estão há demasiado tempo, os que já passaram da validade. trata-os bem. ele sabe que eles estão seguros lá dentro. e que quando saírem de lá morrerão. ele trata deles como se fossem os seus amigos com sida. sabendo que, a qualquer momento, alguém abrirá a porta e... penso que o que ele faz é defender-se de uma ausência futura. uma ausência anunciada. mas que não o faz sofrer menos. o meu frigorífico não gosta de falar. isso cansa-o. mas há dias em que ele só queria não ser um frigorífico. que seria bem mais feliz se fosse uma máquina de lavar roupa ou um microondas. e não é que o meu frigorífico queira ser especial. não quer. ele só vive com medo de ficar igual a todos os outros. de ser mais um. (pausa) eu percebo-o.
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