25 de janeiro de 2010

amigo oculto.

hoje queria falar, mas ninguém quis falar comigo. e a culpa nem é das pessoas. passo tanto tempo sem querer falar que elas assumiram que hoje também não queria. faz todo o sentido. devia arranjar um cão. ele ouvir-me-ia quando me apetecesse falar e não reclamaria quando não o fizesse. o problema é que eu sofro daquele problema, daí ser um problema, das pessoas que mudam de voz quando falam com cães e crianças. okay, com crianças não me acontece. mas com cães não consigo evitar fazer uma voz idiota. ainda bem que não tenho um cão. não suporto pessoas adultas a comportarem-se de forma infantil com cães e crianças. como é que se começa uma conversa? por favor, não com um "como estás?". é uma pergunta bem difícil. se respondida criteriosamente. o que raramente acontece. assim, há que simplificar e dizer "estou bem". até porque a maioria das pessoas nem quer ouvir uma resposta aquando da elaboração dessa pergunta. perguntarem-me o que tenho também não é solução. é como se houvesse um acontecimento ou um momento específico que tivesse despoletado o meu humor ideológico. a noção de tempo, por si só, já me complica um pouco. mais ainda quando começam os entrocamentos e cruzamentos entre passado, presente e futuro. é o caos. tudo isso só para não vivermos (n)o presente. ou seja, não há um acontecimento específico. não houve um terramoto. há o mesmo de sempre. e o facto de não se passar nada pode ser ele também um problema. tentar iniciar uma conversação a falar dos outros também não me parece o ideal. até porque não dura muito. duas falas depois, já estaremos a espelharmo-nos algures nessas personagens. af. (pausa) e seja como for, eu só queria dizer que encontrei a pessoa, que não conheço e mais vezes encontro, ontem no rossio. estamos quase a chegar ao ponto de nos cumprimentar. ou se calhar não. o meu português anda estranho. deve ser por não falar.

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